Um relatório recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) revelou um dado alarmante: Portugal apresenta os piores níveis de saúde mental entre todos os países membros.
De acordo com dados do estudo Patient Reported Indicators Surveys (PaRIS), que em Portugal envolveu mais de 12 mil pessoas e 91 centros de saúde, 67% dos utentes avaliaram positivamente a sua saúde mental, valores abaixo da média da OCDE.
Os números levantam preocupações sobre o estado do bem-estar psicológico dos portugueses e desperta uma reflexão urgente sobre as causas e possíveis soluções para esta crise silenciosa.
O que revelam os dados da OCDE?
De acordo com o relatório, Portugal destaca-se negativamente em indicadores como ansiedade, depressão e stress. Estes problemas são agravados por dificuldades no acesso aos serviços de saúde, especialmente entre as camadas mais vulneráveis da população.
O estudo revela que apenas 48% das pessoas em situação de pobreza confiam no sistema de saúde, mencionando a dificuldade em obter consultas e diagnósticos atempados como principais barreiras.
Cerca de 31,2% da população portuguesa apresenta sintomas de ansiedade e depressão, o valor mais alto da OCDE. 48% das pessoas em situação de pobreza relatam falta de confiança no sistema de saúde. 1 em cada 5 portugueses refere que não consegue aceder a cuidados de saúde mental quando precisa e a taxa de suicídio em Portugal é superior à média europeia, especialmente entre jovens adultos.
Causas da crise de saúde mental em Portugal
São vários os fatores que contribuem para estes níveis preocupantes:
- Desigualdade socioeconómica: A insegurança financeira e a desigualdade de oportunidades geram stress crónico e ansiedade.
- Acesso limitado a cuidados: A escassez de profissionais de saúde mental e as longas listas de espera dificultam o tratamento adequado.
- Estigma social: O preconceito e a falta de informação sobre saúde mental levam muitas pessoas a não procurarem ajuda.
- Impacto da pandemia de COVID-19: O isolamento social, a incerteza económica e as mudanças no estilo de vida agravaram o problema em todas as faixas etárias.
Quem são os mais afetados?
De acordo com o estudo, as populações mais afetadas incluem:
- Jovens e adolescentes: Aumento da ansiedade e depressão devido a pressões sociais e académicas.
- Idosos: Solidão e isolamento social aumentam o risco de depressão.
- Pessoas em situação de pobreza: Falta de recursos financeiros para aceder a cuidados de saúde mental adequados.
O que fazer para melhorar a saúde mental em Portugal?
Especialistas defendem várias medidas para enfrentar esta crise:
- Aumento do investimento em saúde mental: Reforço de recursos humanos e financeiros para expandir o acesso a consultas de psicologia e psiquiatria.
- Programas de educação e consciencialização: Combater o estigma associado às doenças mentais através de campanhas de sensibilização.
- Apoio psicológico em escolas e locais de trabalho: Implementação de programas de apoio psicológico em escolas e empresas para alcançar um maior número de pessoas.
- Acesso igualitário aos cuidados de saúde: Garantir que todos, independentemente da sua condição económica, tenham acesso a tratamento de saúde mental.
A saúde da mente em Portugal enfrenta desafios significativos, mas com investimentos adequados, políticas inclusivas e uma mudança cultural na perceção sobre a saúde mental é possível reverter este cenário preocupante. A promoção do bem-estar psicológico deve ser uma prioridade nacional, não apenas para melhorar a qualidade de vida dos portugueses, mas para fortalecer a coesão social e o desenvolvimento económico.
Precisas de ajuda? Toma nota
Se precisas de ajuda ou conheces alguém que precise de apoio emocional entra em contacto com:
- SOS Voz Amiga: 213 544 545 / 912 802 669 – Linha de apoio emocional.
- Voz de Apoio: 225 506 070 – Apoio psicológico e emocional anónimo.
- INEM – Linha de Apoio Psicológico: 808 24 24 24 – Emergência de saúde mental (Seleciona a opção 4, de aconselhamento psicológico).
- SNS 24: 808 24 24 24 – Informação e encaminhamento para serviços de saúde mental.
